Seminário Política, Cultura e Tecnologias da Informação

Visando identificar, debater e compartilhar reflexões sobre as possibilidades e as barreiras culturais que as tecnologias da informação oferecem à expressão cultural, o LabLivre realizou, nos dias 5 e 6 de junho, o Seminário Política, Cultura e Tecnologias da Informação. Participaram dos debates representantes de movimentos sociais, gestores e gestoras públicos, desenvolvedores de software, artistas, além de representantes da academia

 

O primeiro dia foi composto por duas mesas. A primeira contou com a participação de Baby Amorim, produtora cultural e programadora de projetos na instituição Ilú Obá de Min, e Anápuáka, da Rádio Yandê. Ambos falaram sobre as possibilidades que as redes digitais trouxeram como meio de comunicação para divulgação e expansão dos trabalhos que realizam. Baby percorreu também as dificuldades que encontra para ampliar a atuação da instituição nos meios digitais, visto que, devido à falta de recursos financeiros, não é possível contratar uma mulher para dedicação exclusiva às ações, como site e canal de vídeos no Youtube, de modo que os projetos são concretizados pelas voluntárias. Já Anápuaka mostrou como, por meio da criação da primeira empresa de comunicação indígena no Brasil, utiliza dos recursos disponíveis pelos softwares livres para o desenvolvimento dos projetos, como a web rádio indígena Yandê, referência no Brasil e em toda a América Latina.

Baby Amorim (Ilú Obá de Min), Joyce Souza (moderadora) e Anápuáka (Rádio Yandê)

 

A segunda mesa recebeu Rodrigo Savazoni, do Instituto Procomum, Gustavo Gindre, da Ancine, e Gustavo Torrezan, CPF/SESC. Os participantes debateram sobre os desafios postos pelas tecnologias informacionais e como as legislações no Brasil, principalmente, relacionadas à produção de cinema, não acompanharam os avanços. Gindre debateu o mecanismo de renúncia fiscal para o fomento ao audiovisual no Brasil, defendendo que ele não garante a diversidade cultural e está muito restrito às salas de cinema, com pouco ou nenhum espaço para a Internet. Savazoni argumentou ser impossível pensar a gestão cultural sem investimento do Estado, e criticou o baixo orçamento hoje destinado à Cultura. Também defendeu uma revisão da concepção de “propriedade intelectual”, entendida por ele como o epicentro da economia cultural. Já Torrezan falou sobre sua experiência como gestor dos Espaços de Tecnologias e Artes do Sesc-SP, locais em que se propôs tirar o foco das tecnologias como máquinas e direcioná-lo aos seres humanos, que criam parte da sua singularidade por meio das tecnologias.

 

Murilo Machado (moderador), Celina Lerner (documentarista), Toni William (artista multimídia) e Yorik van Havre (desenvolvedor)

O segundo dia de atividades começou com a mesa “Fronteiras da Tecnologia na Cultura”, que contou com a participação da cineasta Celina Lerner, do artista multimídia Toni William e do arquiteto e desenvolvedor Yorik van Havre. Celina tratou da história do cinema e das relações de poder envolvidas nas tecnologias que o compuseram, até chegar à Internet. Toni falou sobre as dificuldades da produção e concepção artística nas periferias, mesmo no tempo das tecnologias digitais. E Yorik mostrou as diversas alternativas que a arte e a arquitetura podem encontrar nas tecnologias livre

 

Na mesa seguinte, “Soluções Tecnológicas Livres para a Cultura”, Wouerner Brandão Costa e Pedro Philipe Oliveira, que compõem a equipe de desenvolvedores do LabLivre em Brasília, relataram o avanço da produção e gestão tecnológica nos últimos meses. Entre os sistemas sob responsabilidade do Laboratório, estão o Mapas Culturais, o SalicBR e Salic-MinC (Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura), a Plataforma de Editais, o E-Praças, o Sistema Nacional de Cultura e o Simec (Sistema de Monitoramento, Execução e Controle).

Jerônimo Pellegrini (moderador), Wouerner Brandão Costa (LabLIvre) e Pedro Philipe Oliveira (LabLIvre)

Por fim, a mesa “Cultura e uso de Tecnologias Digitais na gestão e prática culturais no ABC” contou com Simone Zarate (Secretária de Cultura de Santo André), Adriana Belic (Secretária-adjunta de Cultura e Juventude de Mauá), Erike Busoni (assessor da Secretaria de Cultura de São Caetano do Sul) e Dalton Martins, professor da UnB. O gestor e as gestoras falaram sobre as dificuldades da ação do Estado na área da cultura, como o baixo orçamento e o descompasso entre a burocracia dos governos e o ritmo de um mundo cada vez mais tecnologicamente dinâmico. Já o Dalton Martins expôs as inovações tecnológicas no campo cultural que podem surgir por meio de parcerias entre Estado e Universidade, relatando a experiência do Media Lab da Universidade Federal de Goiás, onde o professor lecionava até dezembro de 2017.

 

Lucio Bittencourt (moderador), Simone Zarate (Santo André), Adriana Belic (Mauá), Erike Busoni (São Caetano do Sul) e Dalton Martins (UnB)

 

Sergio Amadeu (moderador), Rodrigo Savazoni (Procomum), Gustavo Gindre (Ancine) e Gustavo Torrezan (CPF/Sesc)

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